Trabalhos aceites até Fevereiro
A Câmara de Matosinhos acolheu, segunda-feira, a apresentação da edição deste ano do Prémio Fernando Távora. Trata-se de uma iniciativa da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. O prazo de entrega dos trabalhos termina a 8 de Fevereiro.
Prestar tributo a um dos profissionais que influenciou sucessivas gerações de arquitectos foi um dos principais motivos que estiveram na origem da criação, pela Secção Regional Norte (SRN) da Ordem dos Arquitectos, do Prémio Fernando Távora. Depois de ter distinguido Nelson Mota e Sílvia Benedito, o júri da edição deste ano prepara-se agora para analisar as propostas que deverão ser apresentadas até ao próximo dia 4 de Fevereiro de 2008, estando o anúncio do vencedor marcado para 7 de Abril.
O júri deste ano será constituído por Eduardo Souto de Moura, Nuno Teotónio Pereira, João Lobo Antunes, José Ferrão Afonso, nomeado pela família do arquitecto Fernando Távora e Filipa Guerreiro, em representação da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos.Durante a cerimónia de apresentação, Teresa Novais, da entidade organizadora, salientou o papel desempenhado pela Câmara Municipal de Matosinhos, considerando-a como uma parceria indispensável que deverá ter continuidade no futuro.Em representação do júri da edição deste ano, Nuno Teótino Pereira recordou o papel de Fernando Távora no desenvolvimento da arquitectura portuguesa. O mesmo arquitecto salientou a admiração que tem pelo edifício sede da câmara municipal e que simboliza o poder local democrático.
Influência
Outro dos membros do júri, Filipa Guerreiro, recordou os passos que conduziram à criação do prémio anual em homenagem a Fernando Távora, profissional que influenciou sucessivas gerações de arquitectos. Em representação da direcção nacional da Ordem dos Arquitectos, Alexandre Alves Costa recordou o facto de ser Fernando Távora que uniu todos aqueles que, na segunda-feira, se deslocaram à câmara municipal. Já enquanto o membro do júri da edição do ano passado, o mesmo orador referiu que, apesar das inúmeras propostas, a escolha foi fácil, uma vez que houve uma grande convergência, pois o tema abordado é muito interessante. “Quando os portugueses fundaram cidades tinham uma lista de princípios muito claros, mas não tinham regras. Esses princípios conduziam-nos para a racionalidade e a relação deste com a qualidade. Por isso, os portugueses encontraram os sítios mais bonitos para implantar a cidade”, concluiu.
Guilherme Pinto mostrou-se satisfeito pelo facto de Matosinhos ter sido escolhida para celebrar a arquitectura. “Esta é uma terra que se transformou numa janela para o mundo. A arquitectura deixou marcas profundas e contribuiu para o nosso engrandecimento”, referiu o presidente da câmara.“Quadrícula Emocional - Apontamentos para um Urbanismo Endémico (Natureza, Arquitectura e Infraestruturas na fundação das Cidades Atlânticas do Séc. XVI)” foi o título da intervenção da conferência proferida pela vencedora do prémio de 2006.
Conferência
A concluir a cerimónia, a vencedora do prémio do ano passado, Sílvia Benedito, recordou o papel do urbanismo na caracterização do território e de que forma ele se reflecte. A intervenção teve por base uma viagem de estudo realizada a oito cidades do Brasil e Açores e que foram colonizadas por portugueses. “Lamento que o modelo de urbanismo português não tenha representação no mundo, e à escala internacional, à semelhança do que acontece com os criados por franceses e espanhóis”, acrescentou. No caso do território da América do Sul, a arquitecta reconheceu que, numa fase inicial, a distribuição do território estava relacionada com objectivos económicos ligados à produção do açúcar. Actualmente o urbanismo associa-se também à economia e à sociedade.