O projecto de uma viagem para estudar a “Arquitectura para o desenvolvimento. Intervenções de emergência e de permanência no sudoeste asiático” valeu à arquitecta Maria Moita a 3ª edição do Prémio Fernando Távora.
O anúncio do vencedor foi feito hoje à noite, numa sessão pública realizada na Câmara Municipal de Matosinhos, onde o júri justificou a sua escolha pelo facto de a proposta apresentada por Maria Moita manifestar “a convicção de que a arquitectura pode e deve ser uma mais-valia no processo de reconstrução em locais remotos que sofreram as consequências devastadoras de desastres naturais ou bélicos”.
O Prémio Fernando Távora é uma iniciativa da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos e tem o valor de 5000 euros, para ser utilizado numa viagem de investigação, que deverá resultar num registo documental e numa conferência.
No seu projecto, a arquitecta premiada propõe-se visitar países como Timor-Leste ou o Siri Lanka e analisar, “in loco”, o papel que a arquitectura teve (e pode continuar a ter) nestes dois países respectivamente afectados pelos conflitos anteriores à independência de 1999 e pelo tsunami do Natal de 2004.
Dará, assim, sequência ao trabalho em que já esteve envolvida em Timor, em 2002/3, onde participou na construção e reconstrução de escolas promovidas pelo Banco Mundial e pelo Ministério da Educação do jovem país. Licenciada pela Faculdade de Arquitectura do Porto e com pós-graduação na Universidade Politécnica da Catalunha, em Barcelona, Maria Moita visitou já também Moçambique, onde investigou a relação da arquitectura com a descolonização.
O júri deste ano foi formado pelos arquitectos Nuno Teotónio Pereira, Eduardo Souto de Moura e Filipa Guerreiro e pelos professores João Lobo Antunes e Ferrão Afonso. Na acta, os jurados destacaram duas outras componentes da proposta de Maria Moita: “o profundo compromisso para o exercício da cidadania no mundo globalizado; e o reconhecimento da importância de propor soluções rigorosas proporcionadas pelos recursos locais que, de algum modo consubstanciam uma linguagem mais depurada, vital para a cultura contemporânea”.
Ao 3º Prémio Fernando Távora concorreram 24 arquitectos, com propostas que, em grande parte, se destacaram “pela qualidade e excelência”, notou o júri.Nas edições anteriores foram distinguidos, no ano passado, a arquitecta Sílvia Benedito, com a proposta “Quadrícula Emocional: Um urbanismo híbrido entre natureza e arquitectura nas cidades atlânticas portuguesas do século XVI”; na primeira edição, foi premiado o arquitecto Nélson Jorge Mota, que estudou o espaço doméstico da burguesia portuense do século XIX em comparação com as habitações da burguesia europeia do século XVII.